Mais sobre formas de luto
- Anderson Torres
- 10 de jan. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 10 de fev. de 2022
Já falamos em outro texto sobre algumas formas de luto, porém este é um assunto tão complexo que é muito difícil esmiuçá-lo o suficiente até que se sinta que já é o suficiente; há sempre mais o que ser dito, compreendido e refletido. Por exemplo, muito pouco se fala ou se conhece sobre a forma de luto antecipatória, aquela que se inicia antes mesmo da morte. Ou mesmo que é muito comum haverem, além da dor emocional, dores físicas relacionadas ao processo de sofrimento (Fonseca, 2004).
Em casos mais graves a dor pode se tornar tão intensa que o indivíduo passa a desejar, planejar e até mesmo executar ações com o objetivo de acabar com a própria vida. Nesses casos, o psicólogo deve estar preparado para proteger a pessoa de si mesma. O suicídio, muitas vezes, é um pedido de ajuda, de alívio de uma dor que é demasiada intensa para que o sujeito não encontre outra solução se não deixar de existir.

Isso pode acontecer com quem está em processo de morte, quando há diagnóstico de doença terminal e se sabe, mais ou menos, quando a pessoa irá morrer. Há nesse ato, e em tudo o que ele implica, o desejo de não sofrer, manter o controle, ser lembrado pelas pessoas que ama, como elas eram antes de adoecerem. Não fosse o adoecimento, ou mesmo as emoções e as sensações tão intensas, jamais haveria o pensamento de tirar a própria vida. (Parkes, 1998).
Em casos de luto antecipatório, quando há certeza de que a pessoa irá morrer e se possui uma estimativa de vida dela, como em casos de doenças terminais, a pessoa que está passando por esse processo também sofre com o luto. Afinal, é muito intenso emocionalmente sabermos que iremos morrer em breve, ou quando já há uma data estipulada para que isso aconteça. Vamos falar mais sobre esses casos a seguir, o cuidado com as pessoas que estão em processo de morte e, por conta disso, de luto.
Cuidados paliativos
Trata-se de uma abordagem que promove o alívio e controle de sintomas que estejam incapacitando o indivíduo em uma ou mais áreas da sua vida. O objetivo central é melhorar de forma significativa a qualidade de vida do sujeito (Kóvacs, 1999). A melhor forma de prestar atendimento paliativo é de forma domiciliar, ainda mais quando a pessoa possui condições de ter uma equipe técnica à disposição. Porém, é muito comum que o atendimento aconteça no próprio hospital. A equipe deve ser composta por profissionais com habilidade para uma escuta atenciosa ao paciente, identificar problemas dele e da sua família e reconhecer sintomas emergenciais, reconhecer as dores expressa, considerar que as metas possuem um prazo curto e a intenção não é prolongar a vida da pessoa e sim melhorar a sua qualidade.
É possível confortar quem está de luto
Confortar uma pessoa de luto é algo muito difícil, mas é algo muito importante a ser feito. É complicado encontrar as palavras certas, o momento certo, contudo, é necessário que algo seja dito. Não dizer nada não significa que a pessoa não se importa com o que está acontecendo, mas pode dar essa impressão.
Não existe uma norma de comportamento ou do que deve ser dito nesse momento tão delicado na vida de uma pessoa, cada pessoa passa por esse momento de uma maneira muito particular. Isso dificulta ainda mais quando quem está tentando confortar não possui uma relação próxima com quem está de luto.
O ideal é sempre se colocar à disposição em qualquer necessidade de auxílio, mas deixar a pessoa à vontade para que ela busque essa ajuda, ou mesmo outra pessoa com a qual possua uma relação de mais confiança. Outro fator importante nesse momento é se doar de verdade, escutando a pessoa com atenção e não julgando suas reações e comportamentos. Nada de conselhos e críticas.
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Referências
FONSECA, J.P. Luto antecipatório: as experiências pessoais, familiares e sociais diante de uma morte anunciada. Campinas: Editora Livro Pleno, 2004.
KÓVACS, M.J. Pacientes em estágio avançado da doença, a dor da perda e da morte. In Carvalho, M.M.M.J. (org.) Dor: um estudo multidisciplinar. São Paulo, SP: Summus Editorial, 1999.
PARKES, Colin Murray. Modelos e teorias tradicionais do luto. Cuidado com o luto, v. 17, n. 2, pág. 21-23, 1998.
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