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O luto e suas formas

  • Foto do escritor: Anderson Torres
    Anderson Torres
  • 10 de mai. de 2021
  • 3 min de leitura

Atualizado: 6 de set. de 2021

Nível do conteúdo: básico.


Luto não autorizado

É toda perda significativa que a sociedade tem dificuldade em perceber a sua relevância para o indivíduo que lamenta. As pessoas que cercam esses indivíduos ignoram o fato por não entenderem o que estas perdas significam para suas vítimas.


O luto não autorizado são perdas que ocorrem e geralmente não têm espaço para que sejam elaboradas, nem a própria pessoa que sofre a perda se permite vivenciá-lo. Ele é muito sofrido porque é uma dor que se sente só. Não há espaço para quem sofreu a perda se expressar. Não há um ombro amigo e nem palavras de carinho e consolo.


Alguns exemplos de lutos não autorizados pela sociedade: na relação afetiva, na gravidez, de animais e dificuldades na adaptação de mudanças na vida, como aposentadoria, perda de emprego, mudança de moradia, mudança de escola, entre outros. Estes momentos podem ser mal elaborados e gerar ainda mais sofrimento quando a própria pessoa que está em luto quando ela não percebe ou nega sua dor.


Luto traumático

Apesar de todos os lutos serem traumáticos, há lutos que podem ser mais traumáticos que outros. Por exemplo, quando nos confrontamos com a morte de modo violento: um assassinato de alguém da família, a morte devido a um acidente ou ter um familiar vítima de um incêndio, ou mesmo quando ocorre devido ao novo coronavírus (Covid-19). Eventos traumáticos geram uma sensação de horror complexa de ser gerenciada (SIMONETTI, 2011).


Luto antecipatório

Entre as várias formas de luto, este começa a partir de um fato que não necessariamente a morte em si. O luto antecipatório é, então, quando se tem a percepção de uma realidade de perda, antes da morte propriamente dita, como por exemplo, diante do recebimento do diagnóstico de uma doença grave, a viagem de um parente para uma região de conflito ou a previsão de um terremoto.


Trata-se de um processo que auxilia na elaboração da realidade da perda, ou seja, auxilia o paciente no processo de aceitação da doença e/ou possibilidade de perda. Assim, está relacionado com o enfrentamento da doença, pelo paciente e sua família, mas algo que pode tê-la como consequência.


O processo de desespero impacta na consciência da pessoa e no modo de ela agir e se relacionar. O luto antecipatório requer que a pessoa aprenda a se adaptar a uma perspectiva negativa (SIMONETTI, 2011).


Luto adiado

Este é definido pela ausência das reações naturais presentes entre a maioria dos indivíduos enlutados. Aqui, a pessoa não se dá a oportunidade de sofrer pela perda e não expressa sentimento algum de pesar depois do falecimento de um ente querido.


Se adia a tristeza e se vai vivendo, mas depois de um tempo não é mais possível aguentar. O luto adiado vem com ainda mais força do que se tivesse sido vivenciado antes e em companhia de outras pessoas que passaram pela mesma perda. Adiar a experiência significa alguns riscos, até mesmo de contrair doenças psíquicas como a ansiedade crônica (MARCOLINO, 1999).


Luto coletivo

Como o nome já diz, o luto coletivo é quando o processo é desencadeado por algo que impacta muita gente simultaneamente. Uma explosão como a que ocorreu recentemente em Beirute, no Líbano, ou uma catástrofe como o derramamento de lama em Brumadinho (MG) ou a pandemia pelo Covid-19.


O sentimento de angústia e dor profundas abalam populações inteiras. Toda a comunidade é afetada pela prova da vulnerabilidade que todos temos diante do imprevisível (ROCHA, 2020).


Luto de Animais


O luto sofrido por alguém que perdeu um animal. Causa estranheza, muitas vezes, uma pessoa passar por um período de sofrimento intenso após, por exemplo, falecer o cão ou gato que conviveu anos com ela. Essa cultura de insensibilidade diante da dor alheia prejudica a saúde mental dos tutores de animais, impedindo que sentimentos sejam expostos. Muitos deles deixam de demonstrar o que estão sentindo por medo da reação da sociedade, outros se sentem até mesmo incomodados e envergonhados por ficarem profundamente tristes com a morte de um animal (OLIVEIRA, 2013).


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Referências

MARCOLINO, José Alvaro. Luto: estudos sobre a perda na vida adulta. Brazilian Journal of Psychiatry, v. 21, n. 1, p. 81-82, 1999.


OLIVEIRA, Déria de et al. O luto pela morte do animal de estimação e o reconhecimento da perda. 2013.


ROCHA, Rogério Lannes et al. Luto coletivo e luta pela vida. 2020.


SIMONETTI, A. A terapêutica. Simonetti A. Manual de psicologia hospitalar: o mapa da doença. 6ª ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, p. 115-159, 2011.

 
 
 

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