O que é o luto?

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De um dia para o outro, passamos a ter que ficar em casa, não poder encontrar familiares e amigos, conviver com a perda de empregos, viagens e lazer. É preciso ter autorização para expressar o luto, elaborar sentimentos, e ter os recursos para se adaptar a essas novas situações. O luto é uma experiência universal, mas também é singular, já que cada pessoa tem a sua forma de viver esse sentimento.

O ser humano não lida bem com o desconhecido. Costumamos temer tudo o que não dominamos muito bem ou nunca tivemos contato e, quando o assunto é o luto, nossa reação não é diferente. É por isso que precisamos aprender também a lidar com as perdas.

O termo luto deriva do latim "luctus", que significa morte, perda, dor e mágoa (Pereira, 2008) e pode ser definido como “o processo de sentir ou expressar tristeza após uma perda, ou o período durante o qual isto ocorre".

O luto refere-se ao processo de elaboração e de resolução de uma perda real ou fantasiosa de um vínculo, pelo qual todas as pessoas passam em variados momentos da vida, com maior ou menor intensidade, caracterizando um momento de crise. Envolve tipicamente sentimentos de apatia e abatimento, perda de interesse no mundo exterior, e diminuição na atividade e na iniciativa.

Essas reações são semelhantes à depressão, mas são menos persistentes e não são consideradas patológicas (APA, 2010, p. 568). É, assim, o processo pelo qual uma pessoa passa até se adaptar à perda de alguém ou algo significativo, decorrendo normalmente com avanços e recuos (ZISOOK & SHEAR, 2009).

"O êxito na elaboração do luto leva o indivíduo a encontrar novos significados para algumas questões de sua vida, contudo, a sua não elaboração pode trazer diversas complicações médicas e/ou psicológicas"

(SCHLIEMANN, NACIF, & OLIVEIRA, 2002).

Sendo assim, o luto nem sempre está relacionado à perda (morte) de um ente querido, mas pode referir-se a diversas outras perdas, muito comuns, na vida de qualquer pessoa, como por exemplo, o término de um relacionamento, a perda de um emprego, ou outras situações como essas (PARKES, 1998).

Como dito anteriormente, cada pessoa passa pelo processo de luto de uma maneira diferente. Enquanto algumas pessoas passam por ela de uma maneira saudável, outras podem desencadear uma doença mental mais grave (RAMOS, 2016).

Por que o luto é um tabu?

A morte ainda é vista como uma incógnita, rodeada de paradigmas na sociedade moderna. As palavras “morte” e “luto” remetem de imediato a sentimentos de dor, fracasso e solidão. Aprender a aceitar e a conviver com a morte é essencial para a saúde mental.

Portanto, torna-se necessário, embora doloroso, discutir o assunto de forma natural. O luto como processo individual está diretamente relacionado ao luto como processo social. Isso porque cada indivíduo está inserido em uma sociedade que exerce influência direta sobre os sentimentos e comportamentos gerados pela morte de uma pessoa ou por uma perda.

Por esta razão, a elaboração psicológica do luto está atrelada à maneira como um grupo social pensa a morte e se comporta diante dela. Em uma cultura que vê a morte como parte natural da vida os lutos tendem a ser menos sofridos. Em outra, que percebe a morte como o afastamento indesejável de alguém querido, o luto costuma ser doloroso, com sentimentos intensos.

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REFERÊNCIAS:

AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION et al. APA. Dicionário conciso de psicologia . Editorial El Manual Moderno, 2010.

PARKES, Colin Murray. Modelos e teorias tradicionais do luto. Cuidado com o luto , v. 17, n. 2, pág. 21-23, 1998.

SCHILIEMANN, A. L.; NACIF, Maria Regina Galante; OLIVEIRA, Marilda Coelho de. Luto e saúde. Estudos avançados sobre o luto, p. 131-150, 2002.

ZISOOK, Sidney; TESOURA, Katherine. Luto e luto: o que os psiquiatras precisam saber. Psiquiatria mundial , v. 8, n. 2, pág. 67, 2009.